quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Guerra Civil na Síria


Entre as diversas revoltas em ocorrência no Oriente Médio, a que mais tem se destacado nos últimos meses é a da Síria que tem passado a envolver não só países vizinhos como também toda a comunidade internacional em um debate sobre sanções e intervenções ao país.  Rússia e China continuam por se oporem à intervenções militares propostas pela ONU por acreditarem que a solução para a crise deva ser comandada pelo povo sírio o qual faz sentido. Enquanto os países apenas observam desde o início, Bashar al-Assad, atual presidente da Síria, demonstrou ao mundo sua incapacidade em lidar com o conflito antes dela ter atingido proporções desastrosas e em governar o país ao acreditar que conseguiria resolver o conflito com a eliminação do exército rebelde.

A guerra civil começou em março de 2011 devido a uma manobra no mínimo pouco inteligente por parte de al-Assad: o uso de força para a repreensão de uma manifestação pacífica enquanto diversas rebeliões e reformas aconteciam entre outros países árabes. Como consequência, a multiplicação dos protestos em outras cidades, a deserção de diversos militares que eram contra o massacre dos civis e a reprovação de diversos grupos de direitos humanos.

Um dos motivos para Rússia, China e Irã não estarem posicionados contra o governo de al-Assad de forma mais incisiva e continuarem buscando soluções mais conciliadoras é a cooperação militar que eles tem no mar mediterrâneo através do arrendamento das instalações portuárias em Tartus para a frota naval. Interesse que indiretamente acaba sendo bom para a busca por uma solução mais pacífica. Além disto, estes países tem auxiliado o governo sírio através do apoio financeiro e fornecimento de equipamentos bélicos, ação que não pode ser contestada do ponto de vista humanitário por nenhum outro país visto que eles tem feito o mesmo em apoio aos rebeldes.

Às vésperas de um feriado muçulmano, os opositores do governo sírio aceitaram um cesar de fogo proposto pela ONU e pela liga árabe e até mesmo o Vaticano está demonstrando sua preocupação ao anunciar o envio de uma delegação ao país. Os refugiados em países vizinhos somam 200 mil, o número de mortos 30 mil desde seu início e a solução para o fim do conflito ainda continua longe de ser encontrada. Tudo isto terminaria com a simples renúncia de um homem, porém quaisquer que sejam seus motivos para não o fazer, devem ser mais importantes que o bem-estar de sua própria nação.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Marxismo

O marxismo, termo adotado às idéias de Karl Marx em parceria com Friedrich Engels, foi baseado em três grandes correntes intelectuais já bastante desenvolvidas na Europa no século XIX. Apesar de chegar a uma conclusão de que o comunismo proposto por ele seja impossível de ser implementado, o alicerce de suas idéias e o desenvolvimento de várias delas são bastante sólidas e tem influenciado até hoje diversos ramos da filosofia, economia e política.

A partir da filosofia idealista alemã de Hegel, Marx não só compreendeu a análise dialética, como também foi a partir desta filosofia que adveio suas idéias a respeito do materialismo dialético e provavelmente sua mais brilhante sacada ao criticar e inverter a opinião de Hegel. Ao invés da realidade se fazer filosofia, Marx pregava que a filosofia precisava atingir a realidade.

A segunda vertente intelectual advém do estudo das teorias econômicas dos britânicos Adam Smith e David Ricardo. Através destes estudos Marx pode compreender melhor o funcionamento do sistema capitalista e ao utilizar estes conhecimentos e fazer um paralelo entre os diversos sistemas existentes até então (escravidão, sistema feudal e burguês) ele chegou a duas grandes idéias as quais continuam a repercutir no mundo inteiro até hoje: A idéia de “mais-valia", a diferença entre o valor da mercadoria produzida e o valor do trabalho realizado pelos meios de produção e empregados, e a idéia que Lênin acabou descrevendo como Materialismo Histórico, onde o modo de produção de uma época é a base originária de todas as relações sociais e históricas.

A terceira e última vertente intelectual deriva dos pensamentos socialistas utópicos franceses e dele ele extrai nada mais que aquilo que até então os socialistas haviam apenas idealizado e não sabiam como atingir, uma sociedade mais justa. Marx no entanto, de posse de um conhecimento sobre como a sociedade funcionava, pode então implementar e sugerir ações possíveis de serem implementadas para o caminho desta sociedade até então utópica.

Apesar das críticas de Marx contra a existência do modo burguês, o nosso atual capitalismo, diria apenas que ela redistribuiu o poder e que estas relações ficaram mais claras, nuas e cruas ao qual sou favorável. Marx cita também que o capitalismo criou o próprio monstro que irá destruí-lo, o proletariado, mas ao fazer isso ele nos dá a liberdade para escolhermos qual monstro irá nos destruir, ou seja, nos possibilitou escolher como serão nossas futuras relações sociais e de trabalho e se não o mudamos, é porque o sistema ainda é melhor que qualquer outro sistema proposto até então.

Como o próprio Marx cita, a história das sociedades que existiram até hoje tem sido a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burguesia e proletariado. Marx procurou encontrar o que havia em comum entre as diversas sociedades que existiram e a partir do problema sugerir uma solução. O comum em todas as sociedades encontrado por ele foi a divisão entre dominante e dominado e o comunismo sugerido por Marx se baseia na concepção de que não devemos explorar uns aos outros, consequentemente eles abolem todo e qualquer tipo de propriedade privada.  No entanto, uma sociedade onde todos são tratados igualmente é utópica, e vai contra a meritocracia a qual vem se demonstrando um sistema viável nos dias de hoje e também contra a natureza humana pois enquanto formos indivíduos e conosco trazermos nossas diferenças, haverão grupos e pessoas para serem classificadas, fazendo do comunismo uma linha de raciocínio mal-sucedida.

A Relação da Turquia com os Países da Primavera Árabe

Ninguém imaginaria que o desesperado ato de atear fogo ao próprio corpo de um desempregado tunisiano como protesto contra as condições de vida de seu pais seria o estopim para um dos maiores movimentos desencadeados nos últimos anos, a Primavera Árabe. Este movimento, conhecido pelos protestos e manifestações dos países do oriente médio e norte da África, tem como objetivo questionar os regimes autoritários e centralizadores de seus respectivos países.

A Turquia tem uma história com os países da primavera árabe não somente por compartilharem a mesma religião, o Islã, mas também por terem já defendido uma mesma bandeira no passado, o império turco-otomano, que existiu entre 1299 e 1923. Império cuja queda final foi a perda da primeira guerra mundial. Com o fim da nação, os turcos se reorganizaram através da liderança de Mustafa Kemal Ataturk e formaram a República da Turquia. Entre os principais legados deixados por Ataturk podemos citar a instalação da democracia, o direito ao voto por parte das mulheres, a criação de um alfabeto turco baseado na grafia latina, a secularização e a política externa.

Os líderes da Turquia almejam que seu país sirva de inspiração aos países da primavera árabe e estão abertos a partilharem experiências em matéria de democratização, secularização, desenvolvimento institucional e de liberação econômica. Como prova disto, o presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, visitou em setembro de 2011 a Tunísia, o Egito e a Líbia.

Apesar da aproximação com estes países, a Turquia possui desavenças com alguns outros países que passam pela Primavera Árabe, como o Irã e a Síria. As relações entre Turquia e Síria pioraram consideravelmente após o incidente com o abatimento do caça turco em território sírio, as acusações turcas sobre o governo sírio de que eles estariam dando suporte ao PKK, organização listada como terrorista no cenário internacional e de declarações de apoio da Turquia ao fim do conflito sírio através da deposição do atual presidente Bashar al-Assad.

Já as relações com o Irã poderiam estar melhores, apesar da Turquia ter auxiliado o Irã na busca de um consenso com países do G5 sobre seu programa nuclear para fins pacíficos, o Irã se ressente da decisão turca de aderir à pressão dos Estados Unidos e hospedar uma estação de radar como parte de um sistema de defesa antimísseis da Otan.

Pelo modo como a Turquia tem conduzido sua política externa, pode-se dizer que ela tem seguido fielmente os preceitos de seu fundador, Ataturk, cujo ponto de vista era de que a política externa deveria estar em concordância com a organização interna demonstrada em sua frase que se tornou lema no país “Paz em Casa, Paz no Mundo”. Após o alerta dado aos antigos governos a realizarem reformas buscando consentir com reinvidicações do povo, a Turquia tem apoiado os movimentos de libertação deflagrados nos diversos países vizinhos. Independentemente da queda do governo destes países, quando a situação se estabilizar a Turquia definitivamente irá possuir uma influência gigantesca na região digna de como são denominados, pois “turk” na língua deles significa “forte”.