quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Culpa e o Merecimento

A razão de eu refletir sobre este tema como vocês podem deduzir é porque eu me sinto culpado ou merecedor de algo. Bom... antes de tudo vamos ao significado da palavra culpa.

"O sentimento de culpa é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ter sido.
Há também outra definição para "sentimento de culpa", quando se viola a consciência moral pessoal (ou seja, quando pecamos e erramos), surge o sentimento de culpa."

Obrigado Wikipedia... agora... na minha opinião culpa e merecimento são a mesma coisa. O que muda é sua concepção de certo e errado e de seus objetivos.

Mas... será que é importante eu pensar nisso?
Determinar a culpa e o crédito é importante para as pessoas, para a sociedade, para o mundo em que vivemos?

Pessoas são homenageadas, promovidas graças ao crédito que receberam por determinada ação que gerou um resultado positivo.
Pessoas são presas, amaldiçoadas, julgadas à morte graças à culpa que receberam por determinada ação que gerou um resultado negativo.

É... não é preciso pensar muito para chegar à conclusão de que julgar e determinar a culpa / crédito de certo resultado seja importante para o nosso mundo.

Passemos então para uma outra pergunta: Quão fácil é determinar quem deva ser o culpado / merecedor?

Dentro de empresas esta relação de causa e consequência é vista com uma maior facilidade uma vez que sempre existe um responsável maior, e os objetivos são alcançados através de planejamentos e etapas.

Determinado resultado no entanto, não é de maneira nenhuma em muitas das vezes ocasionada somente por um indivíduo. Nestes casos como culpar/creditar justamente as pessoas envolvidas?

Dentro de uma empresa acredito que o responsável direto pelos seus subordinados é quem deva recompensá-los e puní-los. Seria tão simples assim? o.O''

Na sociedade este é um papel do juíz que de posse das leis e regras estabelecidas pela sociedade irá julgar o(s) culpado(s).

Bom... o coletivo sabe se julgar... será que o indivíduo sabe?

Como seres humanos, nós imaginamos e podemos pensar quais seriam as consequências de nossos atos. Isso fica evidente diante de situações extremas. Mas falemos hipoteticamente de um indivíduo agora que é capaz de captar, analisar e calcular todas as causas e consequências. Ele saberia a consequência de cada um de seus atos.

Conseguem pensar em alguém assim?

Pensei em Jesus. Mas para ele sua existência era ainda mais impossível. Ele, como o enviado de Deus, visava o bem de todos e tinha como missão guiar aqueles que estavam perdidos ou desviados, entre várias outras coisas. Sua visão e imaginação deveriam ser no mínimo extraordinárias para cumprir tal dever. Ele deveria saber a consequência de cada ato que fazia e cada passo seu deveria ser feito com uma enorme precisão. Um mínimo desvio em seu caminho e tudo o que havia construído iria por água abaixo.

Confúcio disse: "O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros"
Parto do princípio de considerar isto como certo, mas como a frase deveria ser então se fosse utilizada a palavra crédito? Bastaria trocar o sentido?



"O homem comum atribui o crédito a si próprio; o homem superior aos outros"?

Analisemos então esta situação... se esta pessoa for uma pessoa comum... ela sempre atribuiria a culpa no ato dos outros... mas se for um homem superior, ela sempre assumiria a culpa de tudo?

Vejamos com a outra palavra. Se esta pessoa for uma pessoa comum... ela sempre atribuirá o crédito a si... mas se for um homem superior, ela sempre atribuirá o crédito aos outros?

Jesus teve bastante problemas pelo visto... pois em sua cabeça ele sempre era o culpado dos problemas e nunca o devido merecedor das soluções.

Bah... já dizia Arthur Schopenhauer: "Quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre"

Mas mesmo Jesus sendo Jesus, o fardo disso é inimaginável... Se não encontrasse uma resposta, ele desabaria devido ao fardo que tinha que carregar. Suponho que Jesus chegou à seguinte resposta: "Galera! Todo mundo tem que pensar como se fizesse parte do todo (outros) morô?", desse modo a pessoa que se acha comum pensará que tem uma parte da culpa já que se inclui nos outros e a pessoa que se acha superior conseguirá um pouco de crédito para si já que se inclui nos outros. Em outras palavras, não importa como nos vemos, se somos parte de um todo, sempre seremos culpados e merecedores.

Ou seja... somos todos iguais.

Porém... aquele que mais sofre mesmo neste caso, é o homem superior. Basta fazer uma conta de matemática e veremos que ele é quem menos recebe.

Neste tema teria ainda dois pontos a abordar, como funciona o sentimento de culpa e merecimento em cada indivíduo e a passividade.
Mas pra isso teria que falar antes sobre outro tema, "o certo e o errado", que dá discussão pra mais de léguas sem fim...

Então fica pra um outro tópico...